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Dual International School: afinal, o que diz um nome?

 

Desde o final de 2013, quando iniciou-se a preparação para a abertura da escola aqui em Florianópolis, passamos a participar de muitas conversas, cursos, palestras e estudos sobre o real significado das expressões que denominavam o tipo de escola que estávamos inaugurando na cidade. Escola bilíngue? Escola internacional? Escola bilíngue e internacional? Quais outras denominações eram possíveis? Para nós, essas discussões foram de fundamental importância, pois impactaram e ainda impactam a forma como construímos nosso currículo, nossa grade semanal ou qual deve ser o perfil e formação das professoras e professores, monitores, coordenadores etc.

 Entre as escolas existentes na nossa cidade, os termos se limitam em "internacional" e "bilíngue". Ainda há bastante confusão entre eles, ora sendo tratados como sinônimos, ora como complementares. No nosso ponto de vista, não são nem uma coisa nem outra. Na época da inauguração da escola, a denominação "internacional" já tinha sido a escolhida, pois era a mais abrangente, englobando (pelo menos no nosso caso) também o bilinguismo.

 Não nos declaramos uma escola internacional pela simples oferta de um currículo de um outro país específico (EUA, Canadá, Inglaterra etc.), mas sim pela implementação dos programas da International Baccalaureate Organization. Programas esses que, para além das diretrizes curriculares internacionais, trazem estruturas e práticas pedagógicas inovadoras, que impulsionam a proposta socioconstrutivista da escola. Também não nos denominamos bilíngues por oferecer um período intensivo de estudo do idioma estrangeiro, mas sim por desenhar o currículo de forma que os dois idiomas (inglês e português) sejam as línguas de instrução e que, balanceadamente, permeiam todas as áreas do conhecimento e o tempo dos estudantes da escola.

 Assim, ao invés de entregar um currículo estrangeiro como complemento ao currículo brasileiro e/ou criar longos momentos de exposição ao idioma, miramos numa proposta de imersão em dois idiomas (Dual Language Immersion) que pudesse oferecer o maior aprofundamento possível. Em outras palavras, optamos por ter mais alternância entre os idiomas ao longo do dia e também maior abrangência e aprofundamento dentro das áreas do conhecimento. Isso impulsionou uma busca constante por uma estrutura de avaliação (interna e externa) bastante específica e atualizada, na adoção de material didático diversificado e, principalmente, no investimento em formação dos educadores para que nossas práticas propiciassem o melhor ambiente de aprendizagem possível.

 Na esteira da indagação feita por Ofélia Garcia[1], sobre o contexto do bilinguismo nos Estados Unidos, assim como no desespero de Julieta (personagem de William Shakespeare) quando se perguntou o que haveria por trás de um nome[2], chegamos à conclusão que tanto a denotação (o que está estritamente relacionado à definição de algo) quanto a conotação (o que está relacionado às emoções que derivam deste mesmo nome) são igualmente importantes. Conotativamente (e ainda parafraseando o poeta inglês), pensamos que aquilo que chamamos de bilíngue, mesmo com outro nome, soará igualmente bem. Denotativamente, acreditamos que devemos incluir algumas camadas de significado a um termo que, pelo uso demasiadamente extensivo, já está perdendo significância.

 De todo modo, tal qual o menino da música do Johnny Cash "A boy named Sue", as adversidades vividas em função do nosso nome ao longo do tempo nos tornam fortes e também capazes de fazer escolhas mais informadas sobre quais palavras ou símbolos melhor representam o que queremos transmitir.[3] Portanto, no auge dos 10 anos de existência e sem perder a noção de onde viemos e para onde estamos indo, escolhemos atualizar e evoluir nossa marca, escolhemos mudar de nome: escolhemos ser Dual International School!!

 

Raul Rietmann de Freitas
Direção Dual - Florianópolis

 

[1] García, Ofelia. "Emergent Bilinguals and TESOL: What's in a Name?." Tesol Quarterly 43.2 (2009): 322-326.
[2] Original em Inglês: “What's in a name? That which we call a rose/ By any other name would smell as sweet.” Shakespeare, William. Shakespeare: Romeo and Juliet. Vol. 26. TY Crowell & Company, 1907.
[3] Lawton, Bessie. "What's in a Name? Denotation, Connotation, and “A Boy Named Sue”." Communication Teacher 25.3 (2011): 136-138.